Através deste destaque do André, chego a este escrito do Miguel, com quem tive oportunidade de trocar, há uns meses, umas palavras sobre o Kosovo.
Pelos vistos o Miguel desconhece uma proposta feita há poucas semanas por Belgrado aos kosovares-albaneses, concordando os sérvios com a existência de um sistema no Kosovo semelhante ao de Hong-Kong. Uma forte cedência de Belgrado. Ou seja, o Kosovo desfrutaria de uma larguíssima autonomia. Proposta que foi rejeitada liminarmente pelos kosovar-albaneses que só aceitam a independência.
O Rui Oliveira refere outros aspectos pertinentes, em relação à procura de tornar o Kosovo independente.
Um Kosovo independente será, com certeza, uma das maiores e mais peculiares artificialidades realizadas na Europa. A maior, seguramente, depois da II Guerra Mundial.
A união que já houve entre checos e eslovacos até parece, à luz da independência do Kosovo, perfeita.
Relamente desconhecia tal proposta em concreto (embora já suspeitasse que qualquer plano de reintegração do Kosovo iria incluir uma grande autonomia).
ResponderEliminarAqui há duas questões distintas:
- Uma é se os albaneses do Kosovo fizeram bem em rejeitar tal proposta (talvez não)
- A outra é, a partir ndo momento em que os albaneses-kosovars rejeitam tal proposta e só querem a independência, o que é que se há de fazer...
também vejo as coisas assim. Se é o que eles querem, o que os outros tem a ver com o caso?
ResponderEliminarquanto a «artificialidades», bom, a europa tem séculos de experiencias artificiais.....
ResponderEliminarA mais recente, nem sequer é do tempo da II Guerra. É bem recente. Chama-se Bósnia-Herzegovina.
a união entre checos e eslovacos é tão «boa» e em tudo similar á que ainda existe entre flamengos e valões, naquilo que ainda se chama bélgica.
ResponderEliminarCreio mesmo que a construção de uma entidade supranacional, como a UE, com poderes alargados de representação e intervenção supra-estudal, irá acelerar ainda mais o fim de certos «artificialismos», «uniões» forçadas» e aumentar as separações com base em questões étnicas/linguísticas/religiosas.
O que em si não tem nada de mal, se as mesmas forem pacificas.
Caro Miguel,
ResponderEliminarE o que se faz quando um país defende, legitimamente, o seu berço histórico?
Caro Gabriel,
ResponderEliminarEstamos de acordo quanto aos artificialismos. Mas este é excessivamente peculiar.
"E o que se faz quando um país defende, legitimamente, o seu berço histórico?"
ResponderEliminarSinceramente, não sei.
Tal como não sei como se faz para, pacificamente, estabelecer a soberania de um dado pais sob um dado território, contra a vontade da maioria dos seus habitantes (e parece quemuitos deles armados) e das estruturas de poder constituidas desse território.
O ideal seria:
a) os albaneses aceitarem a autonomia alargada dentro da Sérvia
ou
b) os sérvios desistirem do Kosovo
Mas como não se pode dissolver o(s) povo(s) e eleger um novo...
a questão do «berço de um povo» é uma questão mitológica. Com pouca relevância prática.
ResponderEliminarNo kosovo coexistiram durante séculos servios e albaneses. No longinquo ano de 1389 travou-se uma batalha contra os muçulmanos, tendo aqueles que hoje se designam por sérvios perdido. Desde então e até 1913 (apenas quase 600 anos....), o kosovo foi governado por muçulmanos do império otomano. Desde o principio do século XIX os albaneses são a maioria da população.
Berço histórico? De quem? e que legitimidade terá um estado para defender território contra a oposição da população que nele habita?
"a questão do «berço de um povo» é uma questão mitológica. Com pouca relevância prática."
ResponderEliminarCaro Gabriel,
Com a sua afirmação, não compreendo a sua leitura em relação a certo tipo de integração europeia.
como assim?
ResponderEliminareu já escrevi e volto a reafirmar, sou federalista. Julgo que tal sistema politico é o que assegura melhor a integração dos diferentes interesses estaduais e das populações se e quando simultaneamente pretendem partilhar com outros estados/populações interesses comuns.
as minhas ressalvas à presente integração europeia dizem respeito exactamente pelo afastamento do modelo federal, no que diz respeito a forma, soluções, atribuições de funções, etc., bem como, e não de menor importancia, o facto de a mesma não ser desejada pelos cidadãos (nem a do modelo federal), a que acresce ainda esse crime contra a humanidade que é a PAC.