sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Os falsos liberalismos dos mercados

Intensifica-se o braço-de-ferro entre Volkswagen e Comissão Europeia. A companhia alemã beneficia de um forte apoio do executivo de Berlim. Esta terça-feira, Angela Merkel voltou a afirmar que está disposta a defender a “lei Volkswagen” junto de Bruxelas.
Perante os empregados da empresa, na sede em Wolfsburgo, a chanceler alemã defendeu que o seu executivo aplicou a sentença do Tribunal Europeu de Justiça, “a decisão foi tida em conta, mas considero que quando se trata de decisões importantes da empresa, a minoria de bloqueio deve persistir.”
O maior accionista da Volkswagen é a Porsche que defende a abolição da lei que protege a companhia de uma OPA hostil. No outro lado da barricada encontra-se o Estado da Baixa-Saxónia, segundo maior accionista e que pretende manter o mecanismo de bloqueio.
Em Maio, Berlim aprovou uma nova versão da chamada “lei Volkswagen” que até então protegia a companhia de uma OPA hostil, através da proibição de que um mesmo accionista pudesse ter mais de 20% de direitos de voto no conselho de administração. A nova versão da lei obriga a que haja pelo menos 80% de votos favoráveis a qualquer operação corporativa importante.
Ora esta alteração à lei continua a dar ao Estado da Baixa Saxónia o direito de veto já que detém uma fatia de 20,3% da Volkswagen.


Quando convém, há que defender o funcionamento do mercado. Quando não interessa, importa protegê-lo.
Quem há pouco mais de um ano se sentia indignada pelas restrições do Governo espanhol à opa da empresa alemã E.on à espanhola Endesa, é a mesma pessoa que agora se opõe a uma OPA à Volkswagen.
Merkel não é uma excepção à regra, no quadro dos proteccionismos estatais.

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