domingo, 5 de abril de 2009

O onirismo de Obama

Obama defende mundo sem armas nucleares

Destas primeiras semanas de Obama, há muito trabalho que esta Administração está a fazer. E na globalidade, está a fazer bem. Porém, em termos de política externa, Obama comete um erro grave: estender o tapete vermelho às autoridades de Teerão. Como as relações internacionais demonstram, o realismo deve ser mais predominante que o onirismo. E se Teerão com todas as pressões que recebeu nos últimos anos conseguiu que não travassem o processo nuclear, a oportunidade para fazer avançar este programa aumenta com o afrouxar de posição da Comunidade Internacional.
Por outro lado, e apesar de não cumprir, e bem, o que prometeu na campanha, de retirar, quanto antes, os militares do Iraque, Obama está, também aqui, a abrir a porta ao Irão para dominar o Iraque, o que representa, a médio prazo, uma grande ameaça para a região. Riade, por exemplo, que o diga.
Agora, em Praga, Obama declara um “mundo sem armas nucleares”. O Presidente norte-americano diz que tal pode não acontecer na sua vida. O que é mais do que uma certeza. Todavia, Obama devia deixar de iludir as pessoas, pois num momento em que a ambição pelo poderio nuclear aumenta, além do Irão, o que se está a passar no Paquistão é deveras preocupante; a Rússia jamais abdicará de um dos pilares que lhe dá posição e força no globo, entre outros Estados, como a Índia, até pela mais ou menos presente ameaça paquistanesa, não vão abdicar do seu arsenal nuclear. E anda o Presidente dos EUA a dizer aos quatro ventos que quer um mundo sem armas nucleares. Com todos os defeitos que os EUA têm, e não são poucos, os EUA continuam a ser o garante da segurança mundial. E Obama não pode esquecer que o seu país tem esta missão, que até ao momento, tem garantido a nossa segurança global.
Será que o que se passou, há poucas horas, com a Coreia do Norte, não é mais uma demonstração das palavras erradas de Obama?

(Publicado no Câmara de Comuns)

2 comentários:

José Morais disse...

«Porém, em termos de política externa, Obama comete um erro grave: estender o tapete vermelho às autoridades de Teerão.».
Cometerá? Não vejo tal erro nos discursos de Obama, nomeadamente naquele proferido hoje em Praga. Com efeito, uma coisa é proclamar a necessidade de fundar as relações entre os povos no diálogo, mesmo no que se refere às questões mais graves [eu diria que sobretudo no que a estas diz respeito] e outra, bem diferente, é desarmar unilateralmente, deixando tudo por conta do diálogo, coisa que Obama sabe que não pode fazer e que não fará certamente. Obama, como pessoa, como presidente e como símbolo, está já a marcar a viragem de que este planeta desesperadamente necessita. Para quem tem memória fresca em relação à «era Bush» [e como é possível não se ter?!] não pode deixar de ver um começo dessa viragem. Pode? Diria mais, que não pode deixar de querê-la e mesmo de exigi-la. José Morais

Pedro Cardoso disse...

O objectivo de um mundo sem armas nucleares além de ser nobre, é um trunfo nas negociações com a Coreia do Norte e com o Irão.