segunda-feira, 28 de julho de 2008

Aos poucos o homem revela-se

Com um périplo pela Ásia e Europa na semana passada, Obama quis mostrar que conhecia bem as questões externas e que tem respostas para os problemas.
Ora, não fosse a ilusão que alguma imprensa europeia tem alimentado sobre o candidato Democrata, e perceber-se-ia que o seu tour foi um flop.
No caso do Iraque, rendeu-se à evidência do sucesso da nova estratégia norte-americana no país. Todavia, pouco ciente da realidade mundial, e em especial do combate ao terrorismo, disse querer retirar as tropas em 16 meses, como se um país ainda instável se pudesse dar ao luxo de dispensar a ajuda na defesa e segurança nacionais.
Quanto ao Afeganistão, pelos vistos o Senador do Illinois conhece pouco a realidade afegã, tal como as hipóteses de uma potência marítima (como é o caso dos EUA) ganhar batalhas em terra, sem ter fortes aliados internos. No Afeganistão disse ter-se dado muito bem com Karzai. Poucos dias depois, na Europa, já não demonstrava ser o mesmo entusiasta com o Presidente afegão.
Por cá, no nosso Velho Continente, Obama quis imitar Kennedy. Merkel, e bem, não apreciou uma intervenção junto às Portas de Brandemburgo. Teve como palco outra área nobre de Berlim.
Ciente da sua popularidade entre muitos europeus, Obama disse o mais demagógico que pode haver: quer acabar com as armas nucleares. Será que o Senador do Illinois está a concorrer à Casa Branca ou à liderança da Quercus? Por muito agradável que seja ouvir tal desiderato, há ameaças que fazem com que as grandes potências reservem poderio militar para si, em caso de extrema necessidade.
E, cereja no topo do bolo, Obama teve oportunidade de visitar, na Alemanha, os militares norte-americanos feridos em combate, mas sem permissão de ter câmaras de filmar a acompanhar o candidato nessa visita. Que fez Obama? Não visitou os militares.
Já dizia Lincoln: Pode-se enganar todas as pessoas durante algum tempo, mas não se pode enganar todo o mundo por todo tempo.

(Publicado no Câmara de Comuns)

2 comentários:

Miguel Madeira disse...

"Todavia, pouco ciente da realidade mundial, e em especial do combate ao terrorismo, disse querer retirar as tropas em 16 meses, como se um país ainda instável se pudesse dar ao luxo de dispensar a ajuda na defesa e segurança nacionais."

Parece que o primeiro-ministro do Iraque também é a favor da retirada num prazo desse género

Anónimo disse...

Há um pormenor interessante aqui.

Justamente quando Obama visitou o Iraque, o país deixou como por magia de estar em chamas.

Parece que ninguém quer admitir que o reforço das tropas pedido por Bush teve resultados positivos, mas não se pode admitir tal coisa, tal que o nº2 da Al-Qaeda afirmou que o reforço era fútil, logo nunca poderia resultar.

Desde de 2007, que o Iraque ou está em chamas ou simplesmente desapareceu do mapa, como se a queda dramática da violência fosse um facto inconveniente e incómodo para à comunicação social.

O mesmo pode-se dizer da Al-Qaeda e da Al-Sahab que já não conseguem enviar a sua propaganda terrorista à comunicação social.

Também nessa mesma altura, começaram a pôr palavras na boca do primeiro-ministro iraquiano do qual ele afirma nunca ter tido.