O projecto para o Mediterrâneo que Sarkozy lançou no domingo teve mais de espectáculo do que de concreto. De qualquer modo, é indiscutível que a Presidência francesa da UE teve o mérito de sentar à mesma mesa o Presidente sírio e o Primeiro-Ministro israelita. O que é, por si, já um feito.
E foi o Chefe de Estado sírio, Bashar Al-Assad, que acabou por ser a figura proeminente nestes dias. Primeiro, em França, por uma questão da política exterior gaulesa. Sarkozy quebrou, e bem, com um tabu que Chirac tinha instituído, de isolar a Síria (que está pretensamente envolvida com o assassinato de Rafik Hariri, próximo de Chirac). Ora, se da parte de Damasco há vontade de abertura, o momento é de aproveitar a oportunidade, não de excluir quem pode e é parte da solução, em termos de estabilidade no Médio Oriente. E aqui há mérito francês, de corresponder à abertura síria - facto que provocou bastantes indisposições em Teerão, vendo algumas mentes mais ortodoxas como uma traição, a posição de Al-Assad.
Por outro lado, o Presidente sírio manifestou bom-senso. Um entendimento com Israel não dispensa o envolvimento dos EUA. E presentemente, a poucos meses de renovar a Administração de Washington, é desejável estabelecer um entendimento com a futura liderança norte-americana. Quem não se pode descartar das negociações é Israel e Al-Assad foi objectivo e sincero, dada a debilidade da liderança política israelita, com um Governo na iminência de cair, não se pode acordar qualquer entendimento que um futuro Governo de Tel Aviv venha a rasgar. E com o cenário actual, de previsível antecipação de eleições e a possível vitória do Likud, a concretização de um entendimento, especialmente relacionado com os Montes Goulã será difícil.
Do encontro de domingo, saldo positivo, pelo diálogo e acordo entre sírios e libaneses de abertura de embaixadas dos países nos dois Estados. Quanto ao projecto para o Mediterrâneo, continua a evidenciar-se muita vontade mas pouco empenho de muitos dos presentes, em especial da orla sul.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário