A Administração Bush vai terminar o mandato como começou: mal.
As suas interpretações e posições neoconservadoras, grande parte delas baseadas em princípios dicotómicos datados da época da Guerra-Fria, voltaram estes dias a emergir, e da pior forma possível. Como sempre que se fizeram sentir.
Num mundo global, em que vários actores externos estão presentes, e hoje não são apenas os Estados os únicos com este papel no palco mundial, os EUA, em vez de procurarem entendimentos com outra relevante e indispensável potência mundial, a Rússia, em especial para combater um dos piores cancros mundiais: o terrorismo, a Administração Bush tudo tem feito, nestes dias, para isolar Moscovo da cena externa, como se o gigante eslavo fosse parceiro menor ou irrisório. Ou como se estivesse a decorrer qualquer diálogo crispado entre os EUA e a URSS. O Muro caiu há quase duas décadas!
Em vários campos do planeta, como Teerão ou Caracas, esta posição de Washington cai como mel na sopa, pois o Kremlin será recebido ainda com mais fragor.
Vivemos numa era multipolar, onde o Ocidente já não predomina como antes. E novas alianças florescem e consolidam-se.
Em fim de mandato, seria sensato Bush não procurar causar mais estragos dos que fez nestes últimos oito anos.
A próxima Administração norte-americana, qualquer que seja, terá uma árdua missão externa, em especial a de recuperar a credibilidade internacional que esta esbanjou.
É compreensível que os EUA não deixem o seu aliado estratégico do Cáucaso, mas isso não pode ser sinónimo de cobertura e solidariedade inequívoca com o populista de Tbilissi.
(Publicado no Câmara de Comuns)
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