O problema é que um país em declínio pode ser simultaneamente um “papão” bem real, pelo menos a nível regional…
Caro André,
Um dos grandes problemas que afecta a Rússia, como Israel e a UE, é a questão demográfica. Mas enquanto russos e israelitas estão a procurar dar respostas ao declínio demográfico, na UE assobia-se para o ar e depois vê-se.
Quanto à política interna russa, uma vez que a percepção da política israelita é mais evidente - ou não fosse a política doméstica de Israel determinante na forma como se encara e actua no Médio Oriente -, no lado ocidental da Europa parece que ainda estamos 'amarrados' à percepção de uma Rússia débil e sem força, como se encontrava após o desmembramento da URSS.
É pena que não se tenha mais presente a política interna russa, na qual se percebe melhor as pretensões mundiais do gigante eslavo. Ora, na última campanha eleitoral, para as legislativas, em Dezembro último, o então Presidente da Federação Russa e candidato do partido "Rússia Unida", tinha como principal bandeira os equilíbrios sociais e económicos da Rússia para os próximos anos, na qual a questão demográfica é estratégica. Afinal, já no tempo presidencial, essa questão estava sinalizada:
O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou hoje seu relatório anual sobre o estado da nação destacando a luta contra a crise demográfica que aflige o país e a necessidade de melhorar a defesa da Rússia para manter o "equilíbrio estratégico de forças" no mundo. (10/05/2006)
A Rússia não está em decadência, mas em ascensão.
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2 comentários:
Ainda há bem poucos dias, o Moscow Times trazia como noticia de 1ª página que a escassez de mão-de-obra ameaça por em causa o crescimento económico Russo.
Quanto à discussão do poderio Russo ou dos seus reais objectivos, gostaria de acrescentar o seguinte. Não me parece que Putin (afinal é ele quem continua a decidir), queira comprar uma guerra com o ocidente, o que não quer é perder a oportunidade de demonstrar a sua capacidade militar, pujança economica e indispensabilidade energética.
O grande ojectivo de Putin, ao contrário do que muitos pensam, não é territorial, não é anexar as ex-républicas soviéticas. Já tem problemas suficientes com a Tchechenia. É sim económico. Putin e em larga medida os russos querem ser a maior potencia mundial. Para isso tem que ir demonstrando aqui e ali posições de força, contrariar o ocidente ou até desafiá-lo. Mas tudo não passa de uma estratégia de mais longo prazo, que vai ganhando pontos internamente e receios externamente.
Abraço,
Nuno Pinto.
Caro Nuno,
Subscrevo inteiramente a leitura que apresentou.
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