Aparentemente, desde o fim da Guerra Fria, o grande objectivo estratégico de Washington, e dos seus aliados, tem sido “humilhar” a Rússia. “Humilhou-a” com os alargamentos da Aliança Atlântica (e da União Europeia); “humilhou-a” no Kosovo e “humilhou-a” mais recentemente na Ucrânia e na Geórgia.
Todo este artigo está pejado de premissas erradas e, por conseguinte, infere de modo enviesado.
João Marques de Almeida manifesta desconhecer a história da Rússia, que não surge nem corresponde, exclusivamente, à história da URSS. Muito longe disso.
Como a interpretação do ex-Director do IDN anda pelo tipo de solo que havia antes da "instalação" de São Petersburgo, quer dizer, Petrogrado, quer dizer, Leninegrado, quer dizer, São Petersburgo!
Por outro lado, e aqui reconheço legitimidade ao argumento de Moscovo, não há "humilhação" pelo alargamento da NATO, mas incumprimento do acordado entre o Ocidente e o gigante eslavo após a implosão da União Soviética. E esta História é bem mais recente do que a anterior a 1917.
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2 comentários:
Ha algo que continuo a nao entender nos comentadores (ditos de esquerda ou de direita) nas suas abordagens a Federacao Russa. Uns continuam a olhar para o gigante eslavo (utilizando a expressao do Carlos), como ainda patria do Comunismo ou de alguma especie de "comunismo renovado". Uns com esperanca, outros com desdem.
Pois bem, gostaria de lembrar aos tais comentadores que nao conheco sociedade mais individualista que a sociedade russa. Moscovo e neste momento a cidade mais cara do mundo e um harem do capitalismo e da globalizacao. Com uma disparidade entre muito ricos e muito pobres incrivel e com um consumismo quase impossivel de imaginar.
Todas estas questoes sao facilmente explicaveis sociologicamente e ha muitos e bons estudos acerca do tema, mas o que realmente interessa dizer aqui e que falta a estes comentadores virem ate ca. Passarem por aqui um mes ou dois (o pais e realmente enorme...) e depois entao, comecarem a opinar sobre o que realmente sabem.
Quanto ao resto, nao passa de pura estrategia geo-politica com um unico objectivo (creio que ja o disse aqui) o poder economico. A Russia quer a todo o custo ser um importante (se nao o mais importante) player a nivel mundial e tem que recuperar o tempo perdido com os anos de crise nos 90's e creio que a estrategia actual do ocidente tem ajudado a justificar essa causa. Senao veja-se o caso da Polonia.
Abraco,
Nuno Pinto, Moscovo.
Caro Nuno,
Quando refiro gigante eslavo baseio a interpretação na grandeza territorial da Rússia, de Kalininegrado a Vladivostoque. Facto que, só por si, impulsiona a Rússia a ser, como sempre foi, um 'player' mundial.
Quanto à interpretação que faz da leitura do Ocidente em relação à actual Rússia, como se ainda fosse uma URSS de cara lavada, concordo com o seu ponto de vista. Aliás, o debate que se está a gerar em Portugal é bem patente do enviesamento que se faz do país. Por um lado, à direita, vêem os 'avanços' russos no Cáucaso como uma repetição das invasões soviéticas. Como se tal fosse análogo! Por outro, em especial a esquerda comunista, manifesta regozijo, como se fosse uma qualquer intervenção soviética; alegria apenas alimentada e dependente do sentimento anti-americano.
A propósito de comunismo (russo), ainda não me apercebi da interpretação de Ziuganov acerca dos recentes acontecimentos. Deduzo que não deva estar em total desacordo, neste ponto, com a política de Putin. Sob pena de ser visto como antipatriota.
Já o lírico e demagogo Jirinosvki veio com a sua arenga de sempre, de a Rússia anexar tudo o que está à sua volta!
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