sábado, 24 de novembro de 2007

Leitura à Rumsfeld

Através deste escrito do Franscico, chego a este texto de Miguel Portas, no qual o eurodeputado do BE assume uma leitura mimética de Rumsfeld, adaptando-a à América Latina. Isto é, a diferença entre a velha América Latina, personificada pelo Presidente colombiano, Álvaro Uribe, e a nova, por Hugo Chávez.
Ao contrário do que o eleito do Bloco pensa, a segurança é importante, na Colômbia, em Taiwan, na África do Sul ou em Portugal.
Com todos os defeitos que Uribe tenha, e tem vários, há um mérito do seu mandato que não pode ser escamoteado, a consolidação da segurança na Colômbia. Só para recordar, Bogotá era, há poucos anos, a cidade mais insegura do mundo, hoje, não escapando aos últimos lugares, já não se encontra nessa posição.
Podia prever-se que quem estivesse em Bogotá, na presidência do país - à excepção, claro está, de alguém que fosse um Evo Morales colombiano, fiel seguidor do que Caracas diz -, desconfiasse das atitudes assumidas pelo Presidente venezuelano no caso da mediação da libertação dos reféns das FARC. Pois o pseudo-biblista-bolivarista tem canais mais do que privilegiados com este grupo terrorista. Grupo este que, com o fim de vários cartéis de droga, deve dominar cerca de 60% do tráfico de droga na Colômbia.
A mediação com as FARC, ao que inicialmente estava prevista, teria lugar na Venezuela. Onde, ao que se tem sabido, se realizaram vários encontros, entre o Presidente venezuelano e elementos das FARC, tendo algumas dessas reuniões não sido comunicadas a Bogotá. Mais. O Presidente venezuelano tem pretendido ultrapassar alguns dos acordos inicialmente estabelecidos, como por exemplo, deslocar-se ao território colombiano dominado pelas FARC.
É evidente que as questões de Estado, tanto para o Presidente venezuelano, como para Miguel Portas, devem ser menores. Ainda há dias se viu a atitude e distinto respeito institucional do Presidente venezuelano para com Espanha. Mas as questões de Estado e soberania importam. Qual seria a legitimidade de um Presidente da República ao ter, no seu país, um homólogo que estaria em salutar convivência com um grupo terrorista que atenta contra a integridade do Estado que preside?
Entre a velha e a nova América Latina, que Miguel Portas pensa que existe, não há grandes diferenças, pois o chavismo mais não é um regime reciclado dos vividos e impostos naquela parte do globo em várias décadas do século passado. Ou será que, por exemplo, ser conivente, como o poder político venezuelano é, com pessoas que andam aos tiros nas ruas de Caracas para intimidar os que não pensam conforme o regime é legítimo? Pois... para Miguel Portas a segurança não importa. Talvez os nossos emigrantes radicados na Venezuela possam explicar melhor porque importa a segurança... como os últimos tempos infelizmente evidenciam que a segurança é importante, desde logo a nível da integridade pessoal.
É interessante ver, quem tanto critica Rumsfeld e companhia, tem a mesma forma de interpretar as coisas.

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