Caro Rui,
Não se trata de ginástica, mas distinguir as coisas.
De facto, o Tratado de Lisboa não é o Tratado Constitucional, ainda que boa parte tenha inspiração no último documento. O facto de textos anteriores continuarem em vigor são disso prova. O que não se verificava caso o documento do Tratado Constitucional fosse aprovado.
Refere-se a questão da queda dos símbolos (bandeira, hino). Mas este ponto, apesar de simbólico, tem o seu peso e não é pouco, conforme a História europeia demonstra. Por cá algumas vozes tendem a desprezar esta dimensão, fazendo mal, pois a sua influência é bem elevada. Os símbolos são importantes em qualquer comunidade.
Por outro lado, importa ressuscitar uma referência que parece ter ficado esquecida em 2005: o Tratado Constitucional não era uma Constituição, no sentido de instituir um Estado, ou, segundo alguns, um superEstado europeu.
A União Europeia, por mais que se aprofunde a sua construção (e eu sou defensor do aprofundamento), não assumirá nem terá uma estrutura semelhante às federações, como a Alemanha ou os Estados Unidos.
Trata-se de uma nova realidade, democrática, sem paralelo no mundo, e ainda em construção. Devemos ter presente.
As soberanias nacionais não serão abolidas nem desaparecerão. Recebem um processo de transformação. É inevitável, a corrente dos tempos a isso conduz, queiramos ou não. Porém, deve ter-se presente que qualquer pretensão de suprimir soberanias nacionais é meio passo para um retrocesso na construção. As soberanias estão, neste momento, num processo de transformação, que não se sabe quais os novos contornos que assumirá. Será, porém, distinta das soberanias de outras eras. (Com o Tratado de Lisboa, os Parlamentos nacionais passam a contar com mais poder, como se pode pensar em perda de soberania?!)
A força está na União, não na supressão, até porque foi a supressão que conduziu a Europa à tragédia. Nunca nos podemos esquecer das raízes do projecto europeu: Democracia, Paz e Prosperidade para os povos europeus.
Em suma, e goste-se ou não do projecto europeu, seremos tão mais fortes e concomitantemente mais resistentes às adversidades na era global, quanto maior for a integração.
O Tratado de Lisboa vem reestruturar as instituições europeias, que bem precisam de maior funcionalidade e mais eficácia, para estes tempos.
Se esperamos que o Tratado de Lisboa seja a salvação da crise europeia que atravessamos, não vale a pena, mas será um bom auxílio na saída que queremos ter deste período pouco próspero.
Em suma, por estas e por outras questões é que valia a pena um referendo. Sempre se debateria a nível nacional a UE.
P.S.- Deduzo que mais do que o péssimo resultado do teu clube, tenha sido a pobre exibição realizada no Bonfim. Mais um jogo para esquecer! Pela minha parte, gostei do resultado e do jogo do Vitória, que merecia um marcador um pouco mais dilatado! :)
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2 comentários:
Nem que o tratado fosse 100% distinto (e não é, bem longe disso), nada deveria ter mudado na vontade do actual governo. O espírito do referendo prometido deveria ser respeitado perante uma alternativa ao tratado constitucional. Por mais voltas que se dê sinto-me traido na confiança que depositei neste governo. Como disse, esta foi para mim a gota de água. Não respeitando por sistema o compromisso que assumiram, não merecem o poder que receberam. A "ética da responsabilidade democrática" leva-me a chegar a essa conclusão.
O resultado foi justo, o Stojcovic faz parte da equipa o Sporting ;-)
Grande Vitória! Espero que haja desforra na final.
O Vitória não fez nada de mais, mas ainda assim merecia ter ganho por uns 3...SOARES FRANCO RUA !
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