A crise da esquerda é um dos nossos maiores problemas culturais.
Quando o reputado economistas português João César das Neves toma por base a esquerda pela leitura de Jean-Paul Sartre, claro que as suas teses, de que a esquerda é antiliberal ganha validade.
Porém, esquece-se que a leitura de Sartre (como dos trotskistas e leninistas) não foi, nem é, a dominante na esquerda europeia, que sempre esteve, e está, ao lado da Liberdade e do projecto de construção europeia, conforme muitos socialistas e sociais-democratas desde o fim da II Guerra Mundial se bateram e continuam a assumir.
Infelizmente, ainda há um discurso muito em voga que uma visão liberal se prende exclusivamente com o campo económico. É evidente que para a esquerda democrática o liberalismo económico da Escola de Viena e, depois, de Chicago, não colhe agrado, pela pouca dimensão social que tem. Elementar e determinante para a esquerda. No entanto, antes de ser económica, a visão liberal é política, e nesta a esquerda democrática sempre a teve como pilar essencial dos seus princípios.
Que a esquerda está em transformação, isso, mais do que uma inevitabilidade dos tempos, é inato à própria esquerda democrática. Porém, os princípios continuam os mesmos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Bem se sabe, conforme a História aprova, que há uma esquerda que tem na Igualdade uma prioridade cimeira com desprezo por todos os outros valores, todavia, não é por acaso que no património da esquerda democrática se enuncia em primeiro lugar a Liberdade.
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