sábado, 5 de janeiro de 2008

70 anos

Antes de completar os 70 anos, Juan Carlos foi submetido a tempos de alguma agrura como o garante da unidade de Espanha, como não tivera há mais de duas décadas, quando foi essencial na transição da ditadura para a democracia e na consolidação desta.
Em 2007, foram várias as contestações que se prestaram ao regime monárquico e ao Chefe de Estado espanhol, que tiveram na queima pública de fotos do Rei um dos pontos mais marcantes do repúdio do regime.
Porém, a sua experiência e inteligência souberam fazer das suas hipotéticas fraquezas força e, por isso, a sua deslocação a Melilla e Ceuta, os enclaves no norte de África que há muito Marrocos reclama como território seu, mereceram, pela primeira vez, a visita oficial do Chefe de Estado de Espanha, num claro sinal de apelo à unidade de Espanha.
Não querendo provocar a diplomacia marroquina, mas sabia que a ia despertar e, como esperado, esta respondeu prontamente à visita do Rei aos dois territórios, considerando-a um ultraje ao Reino de Marrocos, Juan Carlos procurou e conseguiu demonstrar, com base nas críticas de um país estrangeiro ao Chefe de Estado espanhol, que a Espanha era una.
Não foi por acaso que após a visita aos territórios espanhóis situados no norte de África, onde nunca estivera em visita oficial, os críticos internos se calaram.
E, sem ser premeditada, como foi a visita a Ceuta e Melilla, a sua tirada, frente ao Presidente da Venezuela, na Cimeira Ibero-Americana, defendendo os Chefes de Governo de Espanha (Zapatero e Aznar), foi a cereja no topo do bolo, que devolveu o prestígio incólume que Juan Carlos tem em Espanha.
O Rei de Espanha, amigo de Portugal, completa hoje 70 anos e está em excelente forma.
Simpatize-se ou não com o regime, é indiscutível que parte do sucesso da Espanha democrática também se deve a Juan Carlos.
Não é por acaso que muitos temem a sua saída. A continuar como está, a coroa de Espanha terá, por muitos e bons anos, no trono o Rei da unidade e desenvolvimento do país.

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