domingo, 17 de fevereiro de 2008

Das legitimidades

Locais e factos, deste mundo, que a independência do Kosovo conduz a legitimar, e com mais sentido:

Os bascos declararem a sua independência, afinal a terra há séculos que é por si habitada, antes de se formar o país Espanha... e França. Os bascos não se mudaram para a Euskadi, como os albaneses foram para o Kosovo. Já lá estavam.

Os israelitas continuarem a construir colonatos. Afinal, uma das referências para o Kosovo ser um país independente é a maioria de albaneses e haver uma minoria de sérvios. Os israelitas, se não ocuparem o território, sujeitam-se a ficar sem terra. (Não esquecer a baixa taxa de natalidade existente em Israel e a elevada taxa de natalidade dos países árabes.)

O mundo inteiro reconhecer a República Turca do Chipre do Norte. O país já existe. As instituições também. Porquê continuar a não reconhecer um Estado que só a Turquia legitima?

Conceder o acesso a Taiwan às Nações Unidas. A China não admite, mas se o Kosovo não tem razão de existir e deve passar a existir, qual a razão para os países que reconhecem a independência do Kosovo não apoiarem e defenderem a adesão da Formosa à ONU?

Defender a criação do Estado Curdo, redefinindo, para tal, as fronteiras de cinco países da Ásia.

Pode-se continuar... Sahara, Java, Ossétia do Sul, Sri Lanka, Chechénia, República da Sprska, Cabinda... etc, etc...

Não esquecer a História dos Balcãs: hoje, domingo, não se chega ao fim da História e os povos viverão felizes para sempre debaixo do chapéu de uma sociedade liberal... Antes pelo contrário.


Mas os Kosovars querem lá saber disto e vão avançar, sentindo-se apoiados pelos EUA, Alemanha e outros grandes estados da UE.
Caro Lutz,
Pode prever-se com alguma facilidade. A factura do novo país não vai parar a Washington, mas aos nossos bolsos, aos contribuintes europeus. Eu não me importo, e até devo destacar, que somos, UE, os primeiros contribuintes líquidos de ajuda humanitária ao mundo. Porém, sustentar uma artificialidade, dispenso. Infelizmente, não podemos dispensar o poço de problemas que o novo Estado vai dar ao nosso continente, pois queiramos ou não, ele aí está.


O pouco que aprendi com a fratricida guerra dos Balcãs, é que por aqueles lados não há inocentes. Tito, ainda os segurou durante décadas através de uma ditadura férrea. Com a sua morte, pequenos Titos se multiplicaram.
Caro Carlos,
A memória não devia ser curta. É bem verdade que Tito controlou com mão de ferro as diversas nacionalidades que compunham a Jugoslávia. Mas, vendo com mais atenção o período em que Tito governou, perceber-se-á quem mais sentiu na pele a ditadura: os sérvios. É bem verdade que "por aqueles lados não há inocentes", mas, à luz destes dias, parece que só há um culpado: os sérvios, que ainda por cima tiveram de apanhar com o déspota Milosevic. O ditador que, por sinal, até foi corrido do poder, imagine-se?!: pelos sérvios.

1 comentário:

Pedro Sá disse...

Dizeres que os sérvios eram os prejudicados nos tempos da Jugoslávia é um grande disparate...isso é o que eles dizem agora, quando na realidade passava-se exactamente o contrário...